sexta-feira, 25 de abril de 2008

Árvore do Tanabata

O Tanabata Matsuri é uma festa introduzida no Japão há cerca de 1300 anos. Celebra a lenda da princesa e tecelã Orihime e do vaqueiro Kengyu, que ao se conhecerem entregaram-se apenas às paixões, esquecendo-se das obrigações. Foram então transformados pelo Pai Celestial nas estrelas Vega e Altair, separados pela Via Láctea, podendo porém encontrar-se uma vez ao ano no sétimo dia do sétimo mês.
É costume escrever os pedidos em papeletas coloridas os “tankazu” e amarrá-las em ramos de bambu, os “sassa-dake". Diz a lenda que os pedidos feitos com fé, ao serem oferecidos para as estrelas, serão atendidos. Após as festas as papeletas são queimadas em uma cerimónia especial.
O Tanabata, ou “Festival das Estrelas” é comemorado em datas diferentes, de acordo com a região do Japão. Acontecem festas no dia 7 de Julho (7º dia do 7º mês), mas também de 6 a 8 de Agosto na cidade de Sendai - Japão. Nos Eventos PAZ a Árvore do Tanabata tem apenas papéis brancos simbolizando os pedidos de PAZ.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Lendas do Japão















Há muitos e muitos anos, morava em certo lugar do Japão, um casal de velhos pobres que tinham como vizinho, um casal de velhos ricos. Com a aproximação do Ano Novo, o casal rico começou os preparativos para a festa. Preparou o moti (bolinho de arroz glutinoso) e vários pratos deliciosos. O casal pobre ao contrário, nada tinha para comer e foi andar na praia para esquecer o infortúnio. Depois de andar bastante, os dois sentaram numa pedra e ficaram apreciando o mar. De repente uma bela ninfa apareceu como por encanto do mar e disse aos velhinhos:

-Vocês parecem tristes. Que tal vir comigo para visitar Ryugu, o palácio do Rei Dragão?

-Será um grande prazer para nós - respondeu o velhinho surpreso com a presença de bela ninfa.

Nisso num gesto suave com as mãos, a belaprincesa chamou para a superfície do mar três grandes tartarugas. A convite da ninfa, os velhinhos sentaram nos cascos das tartarugas e foram levados para o fundo do mar, onde se localizava o famoso Ryugu, o Palácio do Dragão, pertencente a Shiyozuchi no Kami, o deus do Mar.

O casal havia ouvido falar do Palácio do Dragão várias vezes, pois estar um dia nesse local era o sonho de todos os pescadores do antigo Japão.Porém nunca tinham imaginado que o palácio fosse tão esplendoroso. Ali passaram dias maravilhosos assistindo suaves bailados e comendo ricas iguarias. Assim, um mês se foi num piscar de olhos e a velhinha disse ao velhinho:

-Tivemos o melhor ano novo de nossa vida, porém é hora de voltarmos para nossa casa na aldeia.

Contaram a princesa que queriam retornar a casa e agradeceram a hospedagem tão maravilhosa. A ninfa que era a princesa Toyotama Hime, filha do Deus do Mar, disse que o casal poderia ficar quanto tempo quiser, porém se realmente estava com saudade da casa, que voltasse levando como presente uma tartaruga que estava botando bonitos ovos.

De volta a casa, alimentaram da tartaruga com todo carinho e cuidaram diariamente como se fosse uma filha. Alguns dias mais tarde, a tartaruga botou um ovo brilhante. Para surpresa do casal era um ovo de ouro! E todas as noites a tartaruga passou a botar religiosamente mais um ovo de ouro.

Como se tratava de uma aldeia pequena, a notícia correu de boca em boca e chegou ao ouvido do casal de velhinho rico. Eles foram imediatamente visitar seus vizinhos e pediram a tartaruga emprestada.

-Ficamos sabendo que vocês tem uma tartaruga maravilhosa, empreste-a por uma noite.

-Não podemos, foi um presente da Princesa Toyotama.

Apesar da recusa, o velhinho rico, apanhou a tartaruga à força e levou para sua casa. Colocaram a tartaruguinha no cômodo mais luxuoso da casa, sobre cobertores de seda pura e ficaram ansiosos esperando o amanhecer, para ver se tinha botado um ovo de ouro.

Na manhã seguinte, quando abriram a porta, ficaram desapontados ao constatar que ela não tinha botado nenhum ovo, mas sujado todo cômodo e seus ricos lençóis de seda pura, com fétidos excrementos.

Irritado o homem rico atirou a tartaruga pela janela. A coitadinha se espatifou numa rocha no precipício beira-mar, situada atrás da casa, e teve morte instantânea.

O bondoso casal vizinho foi buscar os restos mortais da tartaruga e realizou uma cerimônia de enterro no melhor estilo budista. Fez uma cova no jardim e enterrou a pobre tartaruga. Tempos depois sobre a cova nasceu uma árvore. Quando essa árvore cresceu, surgiram flores brancas e cheirosas. Depois muitos frutos verdes. Quando o outono chegou, esses frutos ficaram com a casca da cor de ouro. Os velhinhos descascaram e chuparam seu suco que era delicioso. No interior do fruto encontraram pequenas sementes brancas e o velhinho disse:

-Essas sementes valem ouro, vamos plantá-las e distribuir as mudas para todas as pessoas do mundo.

Assim os velhinhos bondosos viveram felizes o resto de suas vidas pois haviam descoberto as sementes dos frutos de ouro. É por essa razão que a laranja ainda hoje tem a casca da cor de ouro.

Jornal Nippo-Brasil

Kinuhime, a deusa da seda


Texto e desenhos: Claudio Seto

Há muitos e muitos anos, havia uma linda jovem chamada Kinu (seda), numa aldeia famosa pelo cultivo da sericultura. Anualmente, na primavera, muitos dekasseguis (trabalhadores temporários) vinham para essa região e trabalhavam no corte dos galhos de amoreiras. Nessa época, a aldeia ficava muito populosa e todos trabalhavam felizes e com grande entusiasmo. Conseqüentemente, havia muitas festas na região. Os bichos-da-seda alimentavam-se das folhas de amoreiras cortadas e colocadas nos barracões pelos trabalhadores e faziam seus casulos nos galhos.

Quando terminavam os trabalhos de colheita dos casulos, os dekasseguis voltavam para suas províncias de origem e a aldeia voltava a ser pacata e até solitária.

A família de sericultores que acolheram Kinu temporariamente percebeu que, em todos os anos em que ela trabalhou na cultura da seda em suas terras, os casulos eram maiores e mais brancos, sendo considerados pelo comprador da produção melhores que os da China.

No final da temporada daquele ano, os sericultores fizeram grandiosa festa em agradecimento aos dekasseguis pelo trabalho e serviram um delicioso banquete. Durante a festividade, tentaram descobrir de que região do Japão Kinu teria vindo trabalhar, mas foi em vão. Ela nada contou, esquivando-se com respostas educadas. Assim, ninguém ficou sabendo de onde ela veio, nem para onde retornaria após a temporada de trabalho, nem sobre sua família.

Na hora da partida, a família que a acolhera naquele ano pediu encarecidamente que Kinu voltasse no ano seguinte. Ela despediu-se de todos e deixou a aldeia por uma estrada estreita. Para assegurar que ela voltaria na próxima temporada, alguns aldeões a seguiram sorrateiramente no meio da mata.

Porém, poucas horas depois de sair da aldeia, ela desapareceu de repente. O local onde ela desapareceu era na beira de um lago. Os aldeões vasculharam toda margem, mas não a encontraram. Um dos rapazes observou que no lago havia um ovo branco de serpente, fora isso, nada havia de diferente.

Na primavera seguinte, ela não apareceu, apesar de todos a esperarem ansiosamente. Alguns membros daquela família de sericultores viram várias vezes uma serpente branca andando na plantação de amora e no barracão da seda. Apesar de Kinu não ter aparecido, mais uma vez os casulos colhidos naquele ano foram brancos e bonitos.

A família concluiu que aquela serpente branca que eles viram era Kinu. Transformada em serpente, ela estava protegendo os bichos-da-seda contra os ratos.

Assim, fizeram uma estatueta com a forma dela e a colocaram num santuário Shintô (religião originária do Japão) na primavera, para ser reverenciada como deusa da seda. Após a temporada da seda, os aldeões, agradecidos, levam a estatueta até um lago e a colocam num pequeno barco, mandando-a de volta. Ainda hoje, em muitas aldeias de sericultores no Japão, esse ritual é praticado em reverência a Kinuhime, a deusa da seda.

O incêndio de furisode


(Texto e desenhos: Claudio Seto)

Em meados do século XVII, havia em Edo (atual Tóquio) uma linda garota de nome Osame, que era filha de um rico comerciante chamado Hikoyemon. Esse comerciante era distribuidor de um saquê famoso da marca Hyakushô-machi, e seu depósito ficava no distrito de Azabu.

Certa ocasião, Osame foi a um festival num templo e ficou apaixonada por um belo e elegante samurai. Infelizmente para ela, o jovem desapareceu na multidão antes que os empregados de seu pai pudessem descobrir de quem se tratava e de onde teria vindo.

Foi amor à primeira vista. Os dias passaram-se, mas a imagem do jovem guerreiro ficou impregnada na memória da garota. Desde o rosto jovial até as cores e detalhes de seu traje, tudo lhe pareceu extremamente maravilhoso. Então a garota mandou confeccionar para ela um quimono de mangas longas com as mesmas cores do traje do rapaz. Ela tinha esperança de chamar a atenção dele quando o encontrasse, numa ocasião futura. Quando o quimono ficou pronto, ela o deixou armado sobre um cabide e ficava imaginando o seu príncipe encantando acariciando o traje. Às vezes, passava horas e horas pedindo a Buda que proporcionasse um encontro com seu sonhado amor e freqüentemente repetia a invocação da seita do budismo Nichiren: Namu myo ho rengue-kyo. Mas, apesar de procurar por todos os cantos da cidade vestindo seu furisode (quimono de mangas longas), nunca mais viu o rapaz.

Desgostosa e sentindo-se extremamente solitária, adoeceu, foi definhando e morreu tempos depois. Durante o velório, ela trajava o furisode, mas, depois de cremada, conforme costume da época, a veste de mangas longas foi doada ao templo budista Honmyoji, do distrito de Hongo. Era uma maneira de os fiéis ajudarem na manutenção do templo, pois o monge podia vender o traje a um bom preço, já que se tratava de uma roupa de seda pura.

De fato, o furisode foi comprado na semana seguinte por uma mocinha com mais ou menos a mesma idade de Osame. A nova proprietária do furisode usou-o apenas um dia, ficou doente e começou a agir estranhamente, gritando que estava tendo visões de um jovem bonito e que iria morrer por amor a ele. Dias depois, realmente veio a falecer.

O quimono de mangas longas pela segunda vez foi doado ao templo. E, uma vez mais, o monge vendeu-o a uma mocinha, que o usou apenas uma vez. Ela disse estar tendo visões de um belo rapaz e morreu também. A vestimenta foi doada pela terceira vez ao templo. O monge começou a suspeitar de que havia algo de estranho naquele furisode.

Então, uma garota com mais ou menos da mesma idade das outras insistiu na compra do quimono. O monge acabou vendendo-o. A tragédia repetiu-se, e o furisode foi doado pela quarta vez ao templo.

Então, o monge não teve mais dúvidas. Aquele furisode estava tomado por uma força maligna. Chamou seus auxiliares e mandou fazer uma fogueira para queimar o quimono. Assim que fizeram a fogueira, a veste foi jogada nas chamas. O monge rezava com grande fervor para espantar a força do mal:

– Namu myo ho rengue-kyo! Namu myo ho rengue-kyo!

De repente, uma labareda subiu da fogueira e pegou fogo na madeira do telhado do templo. Nesse momento, um vendaval soprou sobre a cidade, e o fogo espalhou-se por várias casas, de rua em rua, de distrito em distrito, e quase toda cidade foi consumida pelas chamas. Existe outra versão desta mesma história que conta que, quando o monge botou fogo no furisode, a veste em chamas saiu correndo pelas ruas e espalhou o fogo pela cidade.

A origem da estrela-do-mar


Texto e desenhos: Claudio Seto

Uma antiga lenda da província de Okinawa conta que, certa ocasião, o deus Estrela Polar e a deusa Cruzeiro do Sul resolveram trazer vida para a terra. Então, quando a deusa Cruzeiro do Sul estava pronta para dar à luz, ela perguntou ao deus Poderoso do Céu onde poderia ter seus bebês.

O deus Poderoso do Céu olhou para a terra e avistou uma pequena ilha chamada Taketomi-jima, onde existia, ao sul, um belo mar de coral. Então, ele disse à deusa Cruzeiro do Sul: – Vá ao lado sul de Taketomi-jima, pois lá existe uma praia com águas mornas e ondas mansas, isso será muito bom para seus bebês.

Assim, a deusa Cruzeiro do Sul desceu da Alta Planície Celeste e dirigiu-se à ilha, conforme sugerira o deus Poderoso do Céu. Lá chegando, deu à luz a várias estrelinhas cintilantes. A deusa estava muito feliz, pois realmente aquela praia tinha a água morna e uma temperatura perfeita para que suas filhas pudessem passar os primeiros anos de suas vidas.

– Assim que crescerem, elas subirão a Alta Planície Celeste para se encontrar comigo e viveremos cintilantes no céu. Disse a deusa retornando ao seu lugar.

Entretanto, o deus Sete Dragões do Mar ficou irritado, porque a deusa Cruzeiro do Sul não lhe pediu permissão e usou a praia para parir seus filhos. Ele então chamou uma das suas serviçais, a dona Serpente Gigante, e ordenou:

– Não admito que ninguém dê à luz em meu oceano sem minha permissão. Vá e devore todos os bebês que encontrar na região sul da ilha.

A dona Serpente Gigante, obediente à ordem de seu amo, engoliu todos os bebês da deusa Cruzeiro do Sul com sua enorme bocarra, matando-os todos. Em seguida, cuspiu seus corpos.

As estrelinhas mortas flutuaram no mar até alcançarem uma praia chamada Higashi Misaki, no lado leste da ilha Taketomi. As estrelinhas, empurradas pelas ondas, pararam na praia e ficaram com o corpo salpicado de areia. Nessa localidade, havia um santuário onde vivia a semideusa Amável. Quando encontrou as estrelinhas sem vida, Amável sentiu muita pena delas e levou-as para o santuário.

- Oh! Pobres estrelinhas, vou colocá-las no incensório. Assim, quando os aldeões vierem me trazer oferendas durante o festival e queimarem os incensos, suas almas poderão subir ao céu junto à fumaça. Lá, na Alta Planície Celeste, poderão reencontrar sua mãe.

Conforme a semideusa Amável planejou, quando chegou o dia do festival, os aldeões queimaram muitos incensos e as almas dos bebês-estrelas subiram ao céu levadas pelas fumaças.

Esta é a origem lendária da estrela-do-mar. Em Taketomi-jima, apesar de séculos terem se passado, ainda hoje é possível encontrar estrelas-do-mar com corpos salpicados de areia nas belas praias que ficam ao sul da ilha de Okinawa. Elas são conhecidas como Hoshi-suna (estrelas de areias), nome que nasceu em referência a esta lenda.

O nome da Gata


Há muitos e muitos anos, numa pequena cidade no interior do Japão vivia um casal de velhinhos. Eles levavam uma vida feliz e tranquila e amavam a natureza. Certo dia quando os velhinhos visitavam um templo, o monge deu a eles uma gatinha que havia nascido sob o assoalho do pavilhão de orações.
O velhinho e a velhinha receberam a linda gatinha como quem recebe uma graça divina. Eles não tinham filhos e sentiram que podiam criar aquele pequeno animal com todo carinho e dedicação. Enquanto voltavam para casa foram discutindo qual nome dariam para a gatinha.
- Vamos dar o nome de uma pessoa forte e valente para que nossa gatinha seja sadia e corajosa - disse o velhinho.
- Sugiro que seja Musashi-bo Benkei, pois é um forte e valente guerreiro e ao mesmo tempo, um monge dedicado - respondeu a velhinha.
- Seria um nome perfeito se Benkei não fosse nome de homem. Nossa gatinha tem que ter nome de mulher.
- Que tal Tomoe Gozen ...

... nome da mais forte mulher guerreira do Japão. Ela participou de várias batalhas cavalgando pelos campos, vestida de armadura e brandindo sua mortal naguinata (alabarda). Lutou ao lado do marido Minamoto no Yoshinaga, até tomar a capital do Japão e expulsar os poderosos de Heian-kyo (capital do antigo Japão).
- Tomoe Gozen, pode ser um nome interessante, porém é um nome muito comprido. Para chamar nossa gatinha será preciso repetir - Tomoe Gozen, Tomoe Gozen, Tomoe Gozen...ah! é comprido demais.
Assim os velhinhos continuaram pensando em qual nome colocar na gatinha, quando chegam em casa. Um vizinho que os viu chegar foi logo perguntando.
- Oh! Que linda gatinha, qual é o nome dela?
- Pois estávamos pensando exatamente em qual nome dar para ela. Tem alguma sugestão?
- Deixe-me ver...acho que Tora (tigre) combina com as manchas na pele dela.
- Pensando bem é um bom nome, pois o tigre é um animal forte e destemido.
Assim a gatinha passou a ser chamada de Tora, sendo tratada com muito carinho.
No dia seguinte o casal brincava com a gatinha chamando Tora pra cá e Tora pra lá. Nisso a mulher do vizinho que observava do portão perguntou:
- Pôr que deram o nome de Tora para um bichinho tão delicado?
- A sugestão foi de seu marido, e nós aceitamos porque queremos que nossa gatinha cresça muito forte.
- Ah! Meu marido não sabe nada. O animal mais forte que existe é o dragão. Se lutarem dentro d’água, o dragão vence o tigre facilmente.
O casal concluiu que a vizinha tinha razão e mudaram o nome da gatinha para Dragão.
Alguns dias depois, passou por ali um andarilho e comentou:
-É a primeira vez que ouço uma gatinha sendo chamada de Ryu (dragão). Por que puseram um nome tão diferente para uma gatinha?
Mais uma vez o velhinho explicou que era um nome sugestivo para a gatinha crescer forte.
-Realmente o dragão é um animal muito forte, porém, todos nós sabemos que em dia de grande tempestade, o dragão sobe nadando na chuva e penetra numa nuvem para chegar ao céu. Portanto, se não fosse a nuvem ele jamais chegaria ao céu. Isso significa que a nuvem é mais forte que o dragão.
O casal pensou, pensou e concluíram que o andarilho tinha razão. Assim mudaram o nome da gatinha para Kumo (nuvem). O andarilho seguiu sua caminhada e chegando ao castelo mais próximo comentou o que tinha acontecido.
Na época havia na corte muitos debates culturais. Os intelectuais discutiam incansavelmente durante anos à fio, qual era a estação do ano mais bonita: a primavera ou o outono. Também faziam debates para saber qual a flor mais bonita: a cerejeira (Sakura) ou a ameixeira (Ume). Houve então, grande interesse em sugerir o nome da gatinha pelos intelectuais do castelo. Um deles foi até o vilarejo e sugeriu ao casal que mudasse o nome da gatinha que agora chamava Kumo (nuvem), para Kaze (vento).
- Por que Kaze, perguntou o velhinho.
- Ora, pense bem. Um sopro de vento e a nuvem dissipa-se toda. Por isso é melhor dar o nome de Kaze (vento).
O bom velhinho pensou um pouco e concluiu que o cortesão tinha razão. Assim o nome da gatinha foi mudado para Kaze.
Nisso chegou outro intelectual da corte e questionou:
- Ora Kaze não me parece forte suficiente. Estive observando no último vendaval que o vento destelhou muitas casas, mas não conseguiu derrubar as paredes. Isso significa que Kabe (parede) é mais forte que Kaze (vento).
O argumento pareceu muito convincente ao velhinho e mais uma vez o nome da gatinha foi mudado para Kabe (parede).
- Acho que Kabe será seu nome definitivo, disse o velhinho olhando satisfeito para a gatinha.
Nisso a velhinha fez uma observação:
- Parede não é tão forte assim. Veja ali aquele buraco. Foi o Nezumi (rato) quem fez.
- Então precisamos mudar o nome dela para Nezumi.
- Gato com nome de rato não fica muito bem, e rato tem medo de Neko (gato)...
- Realmente, o gato é mais forte que o rato. Então vamos chama-la de Gatinha. E assim passaram a chamar a gatinha de Gatinha e parece que foi uma medida acertada, pois ninguém mais deu palpite no nome dela.

NIPPO

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Kaguya Hime

Há muito, muito tempo, existia um velhinho e uma velhinha, que viviam juntos numa casa no meio da floresta. Eles eram muito pobres e solitários, pois não tinham filhos para criar. O velhinho era conhecido pelo nome de Cortador de Bambus, pois, todos os dias, ele saía cedo para cortar bambus na floresta. Os dois faziam cestas e chapéus para vender e ganhar algum dinheiro.

Um belo dia, enquanto estava na floresta, o velhinho avistou um broto de bambu, que brilhava, com uma luz muito intensa. Ele ficou espantado, pois, em anos e anos de trabalho, nunca havia visto algo como aquilo. Muito curioso, ele cortou o bambu e mal pôde acreditar no que viu. "Uma menina, uma menina! Tão pequena e tão linda, só pode ser um presente de Deus!".

Ele levou a pequena menina na palma de uma de suas mãos para casa. Ao ver a menina, a velhinha também ficou muito contente e eles resolveram que o nome dela seria Kaguya Hime (Princesa Radiante).

A partir daquele dia, o velhinho passou a encontrar outros bambus brilhantes na floresta. Mas, ao invés de uma menina, eles continham moedas de ouro. Assim, a vida do casal melhorou e eles não precisavam mais produzir cestos para sobreviver. Eles creditaram o milagre à chegada de sua linda filha.

Kaguya Hime crescia muito rápido e a cada dia parecia mais bonita. Em apenas três meses, ela já tinha o tamanho de uma criança de oito anos. Ninguém poderia acreditar que uma pessoa tão bonita pertencesse a este mundo.

Logo os comentários sobre a beleza da Kaguya Hime se espalharam e vinham jovens de todos os cantos do país para conhecê-la. Todos queriam se casar com Kaguya, mas ela não queria se casar com ninguém. "Quero ficar ao lado de vocês dois", dizia a jovem para seus pais. Mas cinco jovens nobres, de posições importantes, foram mais persistentes. Eles acamparam em frente à casa de Kaguya Hime e pediam uma chance a ela.

Preocupado, o velhinho chamou Kaguya e disse: "Minha filha, eu gostaria muito de ter você sempre por perto, mas acho justo que se case. Escolha um dentre os cinco rapazes que estão acampados aqui". Assim, a linda jovem decidiu. "Eu me casarei com aquele que me trouxer o objeto mágico que pedirei"

Um colar feito com os olhos de um dragão, um vaso feito com pedras dos deuses que nunca se quebra, um manto de pele de animal forrado de ouro, um galho que faz crescer pedras preciosas, um leque que brilha como a luz do sol e uma concha que a andorinha põe junto com seus ovos. Estes foram os objetos que Kaguya Hime pediu.

O velhinho levou os pedidos de Kaguya aos pretendentes acampados. Ele sabia que seria muito difícil conseguirem obter tais objetos. Qual não foi sua surpresa quando, ao final de alguns meses, todos os pretendentes trouxeram os presentes para Kaguya. Mas, quando eles foram obrigados a entregá-los a jovem, todos admitiram que os presentes eram falsos, pois conseguir os verdadeiros era uma missão muito difícil. E assim, nenhum deles obteve êxito.

Quatro primaveras haviam se passado desde que Kaguya fora encontrada no broto de bambu. Mas ela ficava mais triste a cada dia. Noite após noite, Kaguya Hime olhava para a lua, suspirando. Preocupado, o velhinho um dia perguntou: "Por que está tão triste minha filha?". "Eu gostaria de ficar aqui para sempre, mas logo devo retornar", disse a jovem." "Retornar, mas para onde? O seu lugar é aqui conosco, nunca deixaremos você partir", disse o pai aflito." "Este não é o meu reino, eu sou uma princesa de Reino da Lua e, na próxima lua cheia, eles virão me buscar".

Muito assustados com a reveladora confissão de Kaguya Hime, os velhinhos decidiram pedir ajuda ao príncipe do reino onde viviam. O príncipe ajudou e enviou muitos guardas para vigiarem a casa do casal. Um verdadeiro exército foi formado.

No dia seguinte, a temida noite de lua cheia chegou. A casa estava tão vigiada que parecia impossível alguém conseguir levar Kaguya Hime. De repente, uma enorme luz surgiu no céu, como se milhares luas estivessem presentes ao mesmo tempo.

A luz era tão intensa que ninguém conseguiu enxergar a carruagem que descia, guiada por um grande cavalo alado e muitas pessoas bem vestidas. Depois de algum tempo, quando a luz diminuiu, a carruagem já estava voando, em direção à lua. Kaguya Hime não estava mais presente, ela fora junto com a comitiva.

Os velhinhos ficaram muito tristes, inconformados. Voltaram ao quarto de Kaguya e encontraram um potinho, presente da filha querida. Ela havia deixado um pó mágico, que garantiria a vida eterna para os dois.

Mas, sem sua filha amada, os velhinhos não queriam viver para sempre. Eles recolheram todos os pertences de Kaguya e levaram para o monte mais alto do Japão. Lá, queimaram tudo, junto com o pó mágico deixado pela jovem. Uma fumacinha branca subiu ao céu naquele dia.

A montanha era o Monte Fuji. Dizem que até hoje é possível ver a fumacinha subindo e subindo.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Origami













































































































































Flores em origami



































Taiko (太鼓)









































A palavra taiko (太鼓) significa simplesmente "grande tambor" em Japonês. Fora do Japão, a palavra é usada frequentemente para referir-se a alguns dos vários tambores japoneses (和太鼓, 'wa-daiko', "Tambor Japonês" ). 

 Originário do continente asiático, o Taiko passou a fazer parte da cultura japonesa há 2 mil anos. É difícil especificar qual a sua origem, se na China, na Coréia ou até mesmo na Índia, mas o fato é que a paixão pelo instrumento só se desenvolveu mesmo no Japão, onde ganhou as características pelas quais é conhecido.

Inicialmente feito de cerâmica e de couro de veado, era usado em cerimônias religiosas. Mas com o passar dos séculos o Taiko passou a ser esculpido de um único tronco de árvore, sem emenda. Com a forma de um barril, afinado ligeiramente nas extremidades e coberto por couro de vaca, emite um som grave de longo alcance.


Ikebana





















































































Dentro do arranjo deve sempre existir 3 elementos considerados essenciais: Sin, Soe e Tai. Temos aí a trindade existente em vários cultos religiosos, ou simplesmente: O Céu, o Homem e a Terra. Além disso, os espaços vazios são importantes, pois representam o silêncio. É preciso ter o cuidado de não colocar 4 flores diferentes, pois no Japão este número é considerado negativo (o ideograma que representa o número 4 e o que representa a morte têm a mesma pronúncia).
O mais importante do Ikebana sem dúvida é a harmonia. O arranjo deve estar em sintonia com o ambiente, e com as características pessoais de seu autor. Segundo os mestres, o Ikebana possui também qualidades terapêuticas, pois harmoniza e embeleza ambientes. Sua presença pode ajudar na cura de enfermidades ou situações conflituosas. Por causa disso eles são requisitados em ambientes terapêuticos, de medicina tradicional ou alternativa, entre outros.
No Japão feudal o Ikebana era praticado tanto por homens quanto por mulheres. Alguns samurais, ao atingir a maturidade, isolavam-se do mundo e abandonavam seus cargos militares, apenas para dedicarem-se à arte do chá, à caligrafia e ao Ikebana.

Wagasa











Bonecas japonesas

Maiko Sensu -Silk leque japonês

Maiko sensu -leque japonês






















Figura de Maiko (dançarina japonesa)
e flor de cerejeira.

Mai ougui - leque japonês para odori

Bonecas