segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Bunraku



 

O Bunraku é uma espécie de teatro japonês caracterizado pela utilização de bonecos para a encenação.
Para uma apresentação de Bunraku deve haver técnicas sofisticadas que associam narração, música shamisen e a manipulação dos bonecos que podem chegar até dois metros de altura. Os bonecos são feitos em madeira e possuem mecanismos que garantem boa resposta aos comandos direcionados a eles. Movimentam todo o corpo e ainda conseguem realizar expressões faciais por meio dos comandos dados pelo manipulador responsável pela face.
O narrador, peça-chave da encenação, além de descrever o cenário, a ação e a emoção dos personagens, também é responsável por falar pelos personagens e por cantar por eles.

A lenda de Genji Monogatari



O personagem principal é Hikaru Genji (lê-se rikaru guenji). Como demonstra seu próprio nome (“hikaru” significa brilhar), era o que se poderia dizer um príncipe verdadeiramente brilhante, que se destacava em todos os sentidos, tanto pela beleza física como pela sua educação cultural.

Hikaru era um dos filhos do imperador, mas não conseguiu ser o seu sucessor. Ainda jovem, se apaixonara por uma das favoritas do imperador, Fujitsubo, o grande amor de sua vida, e por infelicidade, um amor impossível. Durante sua vida, ele amou diversas mulheres, mas não conseguiu esquecer o primeiro amor. Possuía todas as condições para ser o imperador, mas não o podia. Esses dois motivos o perseguiram a vida toda, causando-lhe constante conflito interno.

A história começa com Kiritsubo, mãe de Hikaru Genji, que recebia atenção especial do imperador por sua beleza incomum. Por outro lado ela sofria com a inveja das outras mulheres. Kiritsubo faleceu muito cedo, mas a imagem da mãe de fina educação que causava inveja e ciúme a  outras mulheres ficou guardada na mente de Hikaru. Tanto que é Hikaru, muito jovem, se apaixona por Fujitsubo, que possuía fina educação e tinha feições parecidas com a da sua falecida mãe. Aos doze anos, segundo o costume da época, Hikaru teve seu penteado alterado para o de adulto (considerava-se então adulto aos doze anos de idade). E na mesma noite ele contrai matrimônio com a filha de um poderoso fidalgo, a quem o imperador havia prometido o seu filho.


Hikaru foi morar na casa da noiva, conforme o costume, mas não se interessava pela esposa, saía a procura de aventuras amorosas. Foram muitas as aventuras com mulheres de todas as classes sociais, algumas belas, algumas cultas e outras nem belas nem cultas.

Um dia um sábio olhou para Hikaru Genji e lhe disse que possuía tudo para ser imperador, mas não chegaria a sê-lo. Em contrapartida um filho subirá ao trono, outro será “Dajôdaijin” (um cargo supremo) e a única filha, imperatriz. Tudo aconteceu exatamente segundo esta profecia. Primeiramente, Hikaru Genji ousou a conquista de Fujitsubo, a eleita do pai imperador, a qual concebeu um menino que reconheceram como se fosse filho do imperador. Embora suas feições se assemelhassem evidentemente com as de Hikaru Genji o imperador o adorava sem desconfiar da verdade.


Fujitsubo, de vergonha e remorso, não suportou a situação. Pediu a Hikaru Genji que cuidasse do menino, e decidiu-se drasticamente a isolar-se do mundo enclausurando-se num monastério. Hikaru Genji pela primeira vez sentiu a felicidade de ser pai, mas dadas as circunstâncias, esteve impedido de senti-la na sua plenitude, porque não podia trata-lo como filho. Este menino tão lindo quanto o pai, mais tarde subiu ao trono para ser imperador.

Genji Monogatari não é um romance sobre disputa de poderes. É uma obra sobre o amor e o sofrimento causado por esse amor, no cenário de luxo da corte e dos costumes da época. Trata-se de um documento precioso que é considerado um tesouro da história do Japão.




Autor: Francisco Handa – doutor em história pela UNESP, desenvolve pesquisa sobre cultura tradicional japonesa. É monge da escola Soto Zenshu.

Fonte: www.culturajaponesa.com.br – autor: Francisco Handa.